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domingo, 15 de agosto de 2010

Uma nova aventura... Um novo blog

Olá Amigos.

Por uma questão de coerência, e visto que a expedição ao Stok Kangri deu origem a uma nova aventura pela Índia, criou-se um novo blog.

O endereço deste novo blog é o seguinte:
http://umanovaaventuranaindia.blogspot.com/

Abraços sorridentes e tockaseguir o novo blog!!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Jorge Ribeiro na imprensa

Olá novamente.

Poderão encontrar a notícia anterior em alguns sites.
Deixo aqui o link para alguns deles, que entretanto encontrei:
Tockandar!!!

Jorge Ribeiro em notícia da Agência Lusa, por Marta Clemente

Olá Amigos.

Recebi há pouco um email da jornalista Marta Clemente, da Agência Lusa, que autorizou a divulgar neste blog uma notícia desta agência, que irá ser publicada em vários jornais, revistas, sites, rádios e televisões, seus clientes.

Aqui fica a notícia:

Lisboa, 12 ago (Lusa) - Um mar de lama, casas soterradas e filas de quilómetros de pessoas a fugir calmamente da zona de catástrofe foi o cenário que Jorge Ribeiro encontrou em Leh, Ladakh, norte da Índia, cidade fustigada pelas inundações, que já mataram 183 pessoas.


Com o objetivo de fazer montanhismo, Jorge Ribeiro e uma colega portuguesa chegaram à capital de Ladakh a 04 de agosto.

“Fomos subir a um mosteiro tibetano e quando chegámos lá acima reparámos que de norte estava um céu com as nuvens muito carregadas. Fizemos a leitura do cenário: a chuva viria aí e viria rápido. Os guias mais experientes tinham a mesma opinião e resolvemos descer rapidamente”, contou o português à Lusa.

Depois de um dia inteiro a chover, a noite “foi terrível, iluminada com chuva e relâmpagos, sem luz e sem telefone”.

“Os locais estavam em pânico. Mesmo os mais velhos nunca tinham visto um temporal assim”, relatou.

No dia seguinte, quando foi à zona mais atingida, o português viu “um mar de lama, as casas soterradas e destruídas”.

“As casas não estão preparadas. São feitas de pedra sob pedra e não têm cimento. Qualquer chuva leva aquilo e é evidente que não chove em Leh há muitos anos e não chove em Leh daquela maneira há muitíssimos anos”, afirmou.

Jorge Ribeiro atribui a catástrofe em Leh às alterações climáticas. “A zona é fria. Com o aquecimento global e com estas modificação climática, há uma temperatura excessiva em Leh que faz com que a chuva não caia sob a forma de neve, mas sob a forma de água”, afirmou.

Na noite seguinte, o cenário repetiu-se mas atingiu a zona onde os militares montaram tendas de campanha para abrigar os desalojados.

“Veio a enxurrada outra vez e terá levado milhares de pessoas por aí abaixo. As árvores foram arrastadas pelo mar de lama”, afirmou.

Jorge Ribeiro disse ainda que o cenário na cidade era de “quilómetros e quilómetros de gente a fugir calmamente da zona de catástrofe e a procurar abrigo na montanha”.

“A enxurrada cortou as vias de comunicação, as pontes foram destruídas, as estradas invadidas por lama e nós tentámos subir à montanha, mas não havia caminho. Isso significava que as expedições que estavam na montanha, cerca de 18, não conseguiam voltar para trás”, acrescentou.

Jorge Ribeiro e a sua colega conseguiram sair de Leh na madrugada de segunda feira, quando o aeroporto reabriu.

“Fomos dos primeiros a sair”, disse o português, sublinhando a ajuda do seu guia de viagem, “uma pessoa muito influente na sociedade de Leh”.

Para trás deixaram, no hospital de Leh, os antibióticos e analgésicos que levaram na viagem para ajudar as vítimas da tempestade.

Jorge Ribeiro destacou ainda o trabalho de entreajuda de locais e estrangeiros e a solidariedade dos indianos para com os turistas, apesar da catástrofe.

“O povo só chora quando confrontado com morte de parente. Passado um bocado já está a tirar pedras para resgatar outro cadáver e a ajudar estrangeiros. Quando as comunicações foram reatadas davam-nos o telemóvel para fazermos chamadas”, destacou.

Pelo menos 183 pessoas morreram e centenas ficaram feridas devido às inundações causadas pelas fortes chuvas na cidade de Leh.

O Ladakh é uma região montanhosa de maioria budista situada no sudeste da Caxemira indiana, de maioria muçulmana, que atrai muitos turistas, em particular no mês de agosto, o pico da estação turística na região.




MCL.



*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico **



Lusa/fim»

Jorge Ribeiro no jornal O Público

Olá Amigos!!

Nos últimos 2 dias tem havido alguns contactos de jornalistas a pedirem a história do Jorge e os seus comentários sobre a tragédia ocorrida em Leh.

No seguimento destes contactos, saiu hoje um artigo no jornal "O Público", páginas 8 e 9 do Caderno P2.
O mesmo artigo pode ser lido online carregando neste link.

Tockaler e tockandar!!!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

De Dehli... A nova Expedição...

Amigos e Familia,
 
Depois de jantar, quando todos já se foram deitar fico por aqui convosco, partilhando as memórias de mais um dia.
Foi um dia especial, um dia de viragem nesta viagem de aventura.
 
Para os 14 expedicionários, 8 para o Stok Kangri e 6 para o Pico Sem Nome, foi o regresso a Delhi, deixando para trás em Leh, cerca de 1500 turistas, tendo saído ontem, ao longo de todo o dia, cerca de 1300.
E nas diferentes expedições ainda estarão cerca de 800 homens e mulheres naquelas lindas montanhas à espera de poderem ser resgatados... Um drama.
 
Leh ficou sem centrais hidroelétricas, sem telefones e sem energia...
Sem terras, sem árvores, sem legumes.
A lama levou tudo.
Mas aquele povo já recomeçou a Vida e vai conseguir voltar a sobreviver nas duras condições da vida a mais de 3500 m de altitude.
 
Ontem esboçámos programas alternativos.
Luis e Julio vão para Katmandu.
Xavier, Lola, Kike, e Wendi regressam a casa.
Angel vai para uma zona de praias bonitas e fazer rafting.
Eu, Cristina, Carmen, Rafael e Susana ficamos num programa de 9 dias repartidos por Agra e Jaipur... E por um mergulho no Rajaquistão, de que vos darei conta num proximo post.
 
E assim a aventura se mantem viva.
Na vida, aprendemos que cada situação nova, e aparentemente má, pode ser uma nova oportunidade que não devemos desperdiçar.
O Stok Kangri ficou à nossa espera. A sorrir...
E cada cepa, mesmo que cortada, fica sempre a sonhar e a gerar novas vindimas, como dizia Torga.
A cepa cortada continua a alimentar novos sonhos... E a vida é feita de Sonhos.
 
Vou agora dormir, a sorrir, cheio de vontade de sonhar com o que está para vir. 
E o melhor é mesmo... o que esta para vir!
 
A próxima bandeira a ser desfraldada será a dos Amigos do Trilho!!!!
Em breve estará neste blog.
 
Abraço-vos com o melhor de mim. A sorrir.
 
Jorge 
PS: Mensagem enviada às 05h09 (hora Portuguesa)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Novidades de Deli!!

Olá Amigos.

Estive há pouco em contacto com o Jorge e ele pediu-me que vos aguçasse o apetite com algumas novidades!!

Porque depois da Tempestade, sempre vem a Bonança... E porque tudo acontece por um Motivo...
A ideia neste momento é que esta Expedição ao Stok Kangri se transforme numa Viagem pela Índia...

E a Aventura continua...

Para já, algumas das apostas certas passam por Agra (Taj-Mahal) e Jaipur...
Mas há mais propostas na mesa...

Amanhã, o Jorge deixará mais novidades... Mas entretanto, de barriguinha cheia, já foi viajar para o País dos Sonhos, recompor-se do atribulado fim-de-semana...

Tockasonhar!!!

Actualização de posts com fotos

Olá Amigos.

O Jorge pediu-me que actualizasse os posts com algumas fotos.
Os posts actualizados são os seguintes:

http://tockandarnostokkangri.blogspot.com/2010/08/noticias-de-leh_08.html
Onde coloquei a foto do abastecimento de água em Leh.

http://tockandarnostokkangri.blogspot.com/2010/08/mosteiro-de-spituk.html
Onde coloquei as fotos do Jorge com os monges.

http://tockandarnostokkangri.blogspot.com/2010/08/cheguei-aos-himalaias.html
Aqui coloquei as fotos referentes ao Memorial a Ghandi e à Tumba de Safdarjang.

Espero que gostem e Tockandar!!

Em Dehli

Queridos Amigos e Família !!!

Como tinha prometido aqui estou a escrever-vos... de Dehli!!!!
Foi uma saída em que a ajuda do nosso Guia local foi fundamental!!
Sem ele, ainda estaríamos à espera nas longas filas do aeroporto de Leh.

Ontem tivemos conhecimento de que a Embaixada Espanhola estava a fretar voos para retirar os seus nacionais.
De qualquer modo o nosso Guia local - Phunchok, junto com Kike e Wendi (os guias da agência de viagens Sanga que está a organizar esta expedição) mesmo antes do apoio da Embaixada Espanhola aos nacionais de Espanha, já tinham tratado da nossa vinda, mesmo sem ajudas.

E hoje deixei Leh, com alguma mágoa por deixar aquela gente que tão bem me tratou.
Phunchok abraçou-me e colocou-me ao pescoço uma CATA, a desejar-me a maior sorte e felicidade do mundo.
Fiquei comovido com o seu gesto... Guardarei esta Cata para sempre.

Depois, foi a emoção do embarque, com gente a conseguir vir e muita gente a não conseguir sair...
São os dramas que acontecem nestas situações...

Mas o maior drama, e esse sim adequado a esse nome, é mesmo o povo de Leh - Ladakh, que sofreram milhares de mortos e continuam a preocupar-se com os Outros, com as suas visitas, que, tantas vezes, nem sequer estão à altura dos nobres gestos deste povo.

Cheguei a Dehli depois de me despedir daquelas gentes.
Da janela do avião (todos nós, os 14 vínhamos nas janelas do avião porque o Phunchok disso tratou. Mais um gesto lindo deste Homem de alma imensa.

Já depois de chegar a Dehli, recebi um agradável telefonema da Embaixada de Portugal na Índia.
Foram muito simpáticos comigo.
A lista da embaixada espanhola que assinámos, e em que colocamos os nossos nomes, não fora partilhada pela embaixada de espanha com a nossa embaixada.
Uma tristeza este comportamento da Embaixada de Espanha, que aqui me abstenho de comentar.

Quero deixar o meu obrigado à Embaixada de Portugal, à Sanga e aos nossos Guias, por nos terem trazido para Dehli nos primeiros aviões que trouxeram pessoas de Leh.
Fomos um privilegiados relativamente a todos os outros.
Bem-hajam!

E em Dehli, voltei ao conforto... Estamos no mesmo Hotel de 5 estrelas, o Hotel Ashok.
E antes de ir para uma reunião que temos marcada, vim ate vós para vos contar estas novidades e para partilhar algumas fotos convosco, quase em directo.
Voltarei mais logo, com histórias e projectos para concretizar nos dias que faltam até ao fim da expedição.

Abraço-vos a sorrir...
Cheio do vosso apoio e solidariedade que tanto me fazem sentir pleno.

Jorge 

O Jorge já chegou a Nova Deli!!!

Olá Amigos!!

Acabo de receber o seguinte sms do Jorge, às 10h00 (hora portuguesa):

«Bom dia!! Alegria!! Tou em Deli. A sorrir.»

Portanto, já conseguiram sair de Leh e estão em Deli.

Assim que tenha mais notícias, actualizarei o blog.

Tockandar!!! Tockasorrir!!!

O Jorge vem a caminho de Nova Deli

Olá Amigos!

Recebi hoje, às 06h07 da manhã (hora portuguesa) um email do hotel onde o Jorge estava hospedado em Leh a informar que ele já tinha deixado o hotel e apanhado o avião para Nova Deli.
Já é um bom começo de dia!!

A partir de Deli, eles traçarão um novo plano e verão o que fará mais sentido...
Se voltar de imediato, ou explorar algo mais da Índia.

Assim que tiver notícias, irei informando.

Até lá, como sempre... Tockandar!!!

domingo, 8 de agosto de 2010

Notícias de Leh

Amigos,

Agradeço-vos todo o vosso apoio.

As notícias não alteraram as nossas previsões, mantendo-se a saída para o Aeroporto de Leh agendada para as 08h00 (03h30 em Portugal). Esperamos voar para Dehli e ultrapassar esta situação de impossibilidade de continuar por aqui.
O ambiente de acolhimento deste povo é magnífico e a ajuda existe em todo o lado.

O tempo, tal como estava previsto, melhorou e com a nossa saída, amanhã aproveitaremos a janela de oportunidade de 2 dias. Depois, virá outra vez o mau tempo.
Estou certo que se o mau tempo não vier de outro quadrante (da outra vez veio do norte e depois de oeste) não trará mais vítimas a este povo.

Quanto a nós, realizámos o nosso passeio depois de almoço, mas torna-se muito difícil não contactar com a morte por estes locais...

São os carros de civis que transportam os corpos envoltos em lençóis brancos, provavelmente para uma morgue improvisada, e depois de terem sido reconhecidos por familiares.
Outros aguardam, envoltos em lençóis brancos, apenas com a cara e os pés destapados, a sua vez de serem reconhecidos.

É um cenário de morte que impressiona... Mas a ajuda está lá e toda a gente continua a escavar a lama e a procurar recuperar os seus entes queridos.

Partilho convosco estes momentos, porque também a mim me ajuda a partilha que convosco faço, tornando a tarde mais leve.

Daqui a pouco vamos jantar no nosso Hotel com o nosso guia tibetano, de quem vos falei num post anterior.
Salvou a sua filha e a sua família. É um grande homem.
Fez os possíveis e os impossíveis para nos ajudar a sair.

Antes, fez tudo o que era possível para estudar outras hipóteses de fazer o Stok Kangri, abordando-o por outra face. Mas era mesmo impossível.
Com as tentativas de resgate das expedições que já estavam nos campos de altitude, era impossivel pensar em sair de Leh, quanto mais subir, fosse que montanha fosse.

Desta vez o tempo não deixou. A Montanha fica lá à nossa espera... E numa outra oportunidade, voltaremos a ela, quem sabe se até com os meus Amigos... Seria lindo. E eu adoraria.

Hoje já não voltarei aqui. Os cyber cafés fecharão entretanto e espero amanha dar-vos noticias de Dehli.
No meio do meu grupo de expedição encontro muitos amigos e apoio, mas o vosso é outra coisa.
Tantas vezes emociono-me convosco...

É bom ter amigos. É bom contar com todos vós. Sou tão feliz por isso.
Espero retribuir-vos com a partilha da minha expedição aos Himalaias.
Porque a Expedição não terminou... Adiámos apenas o dia de encontro com o Cume do Stok Kangri!

Deixo-vos o meu sorriso. E o meu abraço.

Jorge

PS: Mensagem recebida às 14h47 (hora Portuguesa)

Leh - Depois do almoço

Amigos,
 
Tudo corre de acordo com as nossas melhores previsões face ao acontecimentos.
O moral é elevado e estamos todos juntos e solidários.
 
Amanhã voaremos para Dehli e uma nova parte da nossa aventura irá começar.
Dar-vos-ei conta das novidades à medida que elas forem sucedendo e de acordo com a possibilidade de conseguir aceder à internet. De Dehli será um cenário completamente diferente, uma vez que os contactos com o mundo ficam completamente abertos.
Vou agora sair com os meus amigos por Leh para esticar as pernas e manter a forma.
 
Abraço-vos com o meu sorriso e com um espírito de Paz!
 
Jorge
 
PS: Mensagem recebida às 11h33 (hora Portuguesa)

Expedição cancelada

Amigos e Família,

Volto aqui para vos abraçar e para vos dizer que está tudo controlado.

A expedição ao Stok Kangri tornou-se impossível.
Os sherpas perderam família e animais... As estradas estão cortadas...
As forças armadas, conscientemente, não permitem a subida.

Hoje vimos um helicóptero negro do exército a tentar resgatar as expedições que estavam em altura.
Parece que conseguiram trazer uma espanhola com uma perna partida.
O marido terá morrido conjuntamente com outros. É um drama.

Não há condições para ir à Montanha. Mas ela ficará lá à nossa espera. 

E por agora, vou até ao hotel ver de novidades e tentar almoçar.
Abraço-vos a sorrir com a Paz que se respira nesta terra, apesar do terror do tempo e das cheias.

A Vida continua. A SORRIR.

Jorge

PS: Mensagem recebida às 09h04

Mosteiro de Spituk

Amigos,

Apesar de não conseguir ler o blog, nem sequer as mensagens, arrisco em escrever-vos.

Hoje o dia amanheceu em Leh e depois do pequeno-almoço, em que já não havia fruta, recebemos a noticia de Punchok e de Wendi de que poderia haver um voo amanhã para Deli.
Teremos de pagar o voo. E assim reunimos as rupias e os euros necessários ao pagamento em cash das viagens.

Seria muito bom voar amanhã para Deli. Hoje desde as 5 da manhã que ouvimos os aviões a chegarem. São boas noticías.

Fomos ao Mosteiro de Spituk, (Spituk Gompa) de carro, pelas estradas possíveis e vimos o drama humano de milhares de pessoas, fugindo para lugares mais altos e seguros, onde as forças armadas possam montar campos de refugiados.
É de facto um drama.
Visitámos o Mosteiro de Spituk onde encontrámos os monges budistas, que nos receberam com um enorme sorriso.

Este povo, mesmo vivendo um drama enorme (10% da população morta ou desaparecida) continua a ter forças para sorrir para os estrangeiros, perguntando se precisamos de alguma coisa.

Tirei a bandeira da Bivaque, a única que trouxe nesta saída, e os monges budistas seguraram-na para a foto.

Foi um momento bonito. Não sabiam o que significava a bandeira, mas ergueram-na.

Fui abençoado por um pequeno monge e deixei a minha oferenda - um lenço branco, que penso simbolizar a paz.

É com esta Paz vos abraço e sorrio.
Mais logo tentarei voltar, com tempo, para vos falar sobre este pequeno monge - o novo Dalai Lama.

De qualquer modo, amanhã de manhã, vamos com a bagagem para o aeroporto para tentarmos viajar.

Jorge

PS: Email enviado às 09h00 (hora portuguesa)

sábado, 7 de agosto de 2010

Leh - actualização

Amigos,
 
Vim de mais uma reunião com os nossos amigos espanhóis.
As notícias não avançam muito rápido, no sentido do que desejamos.
A ideia foi fazer sair as notícias da falta de apoio da embaixada de Espanha, para desse modo acelerarem o processo de saída de Leh.
 
Não há condições meteorológicas para continuar e as montanhas estão inacessíveis.
As populações refugiam-se nos pontos altos e hoje fui até ao mosteiro de Stupa, onde verifiquei que estava amontoado de refugiados.
A situação é muito grave, mas este povo não deixa, em momento algum, de ser simpático com os estrangeiros, trabalhando ininterruptamente.
São um exemplo para todos os ocidentais que por aqui estão! E são muitos!!
 
As ligações são difíceis, mas agora parece que estou a conseguir que a mensagem chegue aí.
Mais logo vamos reunir para ver o que fazer.
Apesar da desilusão, estamos com ganas de ultrapassar esta crise da melhor forma possível.
 
Para vos dar uma ideia da solidariedade deste povo, eles cedem-nos os telemóveis deles para ligarmos para casa e não querem dinheiro nenhum por isso. E são um povo incrível.
Devemos ser solidários com o Himalaia. Sempre.

Abraço-vos com um sorriso e até amanhã.

Jorge

PS - Mensagem enviada às 15h54 (hora Portuguesa)

Leh

Amigos,
 
Volto aqui para vos trazer notícias.
 
Estamos entre várias fontes de notícias e as últimas dão-nos conta de 6000 mortos em Leh, numero este que não será possível, de todo em todo, confirmar.
Aquilo que se pode dizer é que o ambiente é de grande consternação e a solidariedade é a palavra de ordem.

Hoje o tempo está melhor, mas as previsões são de ligeira melhoria por apenas um ou dois dias. Depois volta a piorar.
À hora do almoço já ouvimos os dois primeiros aviões a aterrarem, não se sabendo se são avioes de carga militares ou outros aviões.
 
As embaixadas Suíça e Austríaca procuram os seus cidadãos. A embaixada da República Checa também. De Portugal nada.
A embaixada Suíça já fretou avião para resgatar os seus nacionais. A Áustria está a caminho.
 
Dos Espanhóis ainda não sabemos nós. De qualquer modo, esperamos apanhar a boleia de nuestros hermanos.
Vamos agora ter uma reunião para sabermos das últimas notícias.
 
Estamos todos muito bem.
Abraço-vos a sorrir.
 
Jorge
 
PS - Mensagem enviada às 14h30 (hora Portuguesa)

Drama em Leh

Amigos,

O dia de ontem foi um dia triste.
 
A noite de 5 para 6 de Agosto trouxe-nos uma trovoada e uma chuva intensas.
A noite avançou assim com um temporal incrível. No Hotel estávamos seguros e não poderíamos imaginar tudo o que se passava em Leh.
 
A manhã acordou com um rosto de profundo pesar dos locais. O chefe da recepção comentava que nem no tempo dos avós tinha havido um tempo assim...
A água levara ruas inteiras... As notícias de mortos alastravam, os rostos eram de pesar.
Fomos ver o que se passava e onde se passavam os dramáticos acontecimentos.
As ruas de Leh, que antes existiam, transformaram-se em rios de lama.
As escavadoras, os militares, os monges, os locais... Todos ajudavam a resgatar corpos.
Os militares aqui não impediam a entrada de pessoas, incentivavam-nas a ajudar.

Leh com cerca de 60000 habitantes tinha perdido uma centena dos seus habitantes.
Mas depressa os números cresciam! Ao fim do dia o número rondava os 1000 mortos em Dehli, mais 6000 nas aldeias à volta de Leh.
 
O nosso guia apareceu cheio de ferimentos porque tinha conseguido salvar a sua filha retirando-a a tempo do carro. O carro, esse, foi-se.
O resto da família estava também a salvo. Trataram-se os ferimentos e o dia continuou num clima de pesar.
 
Kike e Wendy vieram pedir-nos um numero de contacto para informarem os nossos familiares de que tudo estava bem connosco. Escolhi o nome da Sandra, minha amiga que gere este blog para, através dela, os meus familiares e amigos saberem o que comigo se passava.
Sem contactos, sem telemóveis, sem se saber de como as notícias tinham chegado à Europa e a Portugal, ficamos um bocadinho apreensivos.
Hoje já voltou a internet e já estou aqui convosco, depois de 90 minutos numa longa fila.
Neste momento o aeroporto está aberto a voos civis mas os aviões ainda não conseguem aterrar.
Ontem o dia foi só para voos militares.
 
Gente da embaixada de Espanha veio pedir os nomes dos espanhóis que estavam sãos e salvos. E dos outros países também.
De Portugal não se houvia falar... Por isso, eu e a Cristina resolvemos dar os nosses nomes aos amigos espanhóis sempre solidários com os seus.
Esta noite foi também de temporal e as pessoas fugiram para sítios seguros.
Como o tempo virou para Este, as casas que ficavam a Este de Leh foram as mais atingidas. Não sabemos quantas vítimas.

Temos um gabinete de crise instalado e decidimos que a montanha se torna assim inacessível. Os caminhos também.
Esperamos que o aeroporto abra e que os aviões consigam aterrar para conseguir deixar Leh.
Wendy está no aeroporto a ver se consegue alterar os voos.
Kike foi ver os caminhos possíveis de saída de Leh.
Esperamos notícias deles.
Estamos unidos e fortes e solidários com este magnífico povo.
Entregámos medicamentos no hospital e estamos prontos a ajudar.
Deixo-vos o meu forte abraço.
Até mais logo com mais noticias (espero que melhores noticias).

Jorge

PS - Este email foi enviado pelo Jorge hoje, dia 07-Agosto, pelas 07h40 (hora de Portugal).
Contudo só me foi possível editá-lo às 20h37.
Peço desculpa pelo atraso, mas não me foi possível aceder à net antes disso.
Sandra

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Tá de chuva em Leh...

Olá Amigos!

Acabo de ser contactada pela agência de viagens que organizou a viagem do Jorge.
Informaram-me que o Jorge está bem! Aliás todo o grupo está bem.

Devido às fortes chuvadas em Leh (estamos na altura das monções) todas as linhas telefónicas estão em baixo. É por isso que ainda não recebemos mais notícias do nosso amigo!

Mas está tudo bem.

Obviamente que, pelo menos até 2ªF, eles vão manter-se no hotel, em Leh.
O tempo não está para aventuras na montanha... Pelo menos para já...

Assim que haja mais alguma novidade, colocarei um post.

Até lá... Tockatorcer pelo Jorge!!

Tockandar!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Notícias de Leh!!

Olá Amigos!!

Estive à "conversa virtual" com o nosso Amigo Jorge que, directamente de Leh, me deu as últimas novidades.
Depois de um belo almocinho (sai mais um tandoori), o Jorge preparava-se para ir conhecer Leh e os seus mosteiros...

Hoje irá visitar o Mosteiro Shanti Stupa, um mosteiro budista, construído por uma organização japonesa budista e inaugurado em 1985 pelo Dalai Lama.

Eles vão ficar por Leh mais 1 dia do que estava inicialmente previsto. Por um lado, para ajudar à aclimatação, mas por outro lado, porque está previsto o Dalai Lama ir visitar Leh, para celebrar a reencarnação do Rinpoche numa criança de 4 ou 5 anos, de Leh.

As impressões do grupo continuam a ser muito positivas.
Diz ele que «A Cristina Santos, é uma apaixonada pelas Montanhas e pela tranquilidade na relação com os outros
Depois temos o casal madrileno, o Rafael e a Suzana; a equatoriana Beatriz.
E os restantes elementos são o Julio e o Angel.
«O Julio veio de um mestrado na australia sobre desporto e é tranquilo»
E o Angel é «boa onda»!
«Estamos todos fortes!»

E é mesmo isto que conta, um bom grupo, harmonioso, equilibrado, uma boa guia... E muita vontade de explorar, conhecer as montanhas e as novas culturas!!

Tockandar!!!

Cheguei aos Himalaias!!!

Amigos!

Escrevo-vos já de Leh, a 3550 m  de altitude.
O dia de ontem foi passado em Dehli, um dia curtinho, face à pressão de ter de levantar às 03h30 da manhã para ir para o aeroporto.

Mas o almoço foi muito bom!!
O Tandoori de frango, com e sem yogurte, estava rigoroso.

As lentilhas uma delícia. O arroz branco adornava os pratos e a cerveja ajudava a apagar o fogo nas gargantas.



Beatriz, a nossa equatoriana,  avisou que a comida picante não toca nos lábios. Só deve tocar a língua! E assim foi.
O tempero da comida por aqui é muito melhor do que os melhores restaurante onde tenho comido por esse mundo fora.
Aqui tudo é  vivo, intenso e com cheiros e sabores únicos!!

Para desmoer o magnífico repasto, fomos visitar uns monumentos em Delhi.
Apanhámos um táxi de 3 rodas e lá fomos 4 mais o motorista numa viagem alucinante. Nem em Marrakech se guia assim!!!
E ali sempre temos a vantagem de estar no meio dos actores.



Visitámos a Tumba de Safdarjang construida em 1754.

Belíssima...
















E visitámos também o Memorial de M.K. Gandhi.











«Simplicity is the essence of universality», ensinou-nos Gandhi.

















Hoje viajámos para Leh às 06h15 e chegámos as 07h00.

A chegada ao Himalaia é a chegada a uma terra de montanhas verdadeiramente únicas.
A paisagem quando nos aproximamos do Himalaia é de sonho.
As nuvens e as montanhas e os cumes gelados, acima das asas do avião.
A sua majestosidade, toda a sua imponência criam nos homens uma sensação de humildade e de respeito perante a exuberância detas Montanhas.


A descida para Leh foi assim feita sem conseguir desligar a máquina que filmava o cenário a que eu assistia incrédulo.
Depois comecei a pensar para comigo, "Mas onde é que vamos aterrar??"
O avião deitou-se para um lado e para o outro e comecou a zigzaguear entre montanhas!!!
E finalmente aterramos em Leh com o coracão ainda a bater!!
Excelente aterragem de um excelente piloto da Air India.

E saimos do avião e estamos a 3350 m de altura.
Respiramos fundo e andamos devagar, a deixar o corpo adaptar-se a altitude.
E para nos dar força temos os tibetanos e os nepaleses a sorrirem e a pegarem-nos nos sacos. Não querem  que nos cansemos!
Levam-nos para um magnifico hotel - Hotel Namgyal Palace - e oferecem-nos um maravilhoso chá.
Sentimo-nos em família.
Homens e Mulheres transportam as nossas pesadas bagagens, sempre com um sorriso... São um povo fantástico!!

Dado que estávamos há muito sem dormir, os guias sugerem que vamos para os quartos descansar.
É o que fazemos. Mas começo a olhar para o telemóvel e... vejo que não tenho rede!!
E assim, só mesmo procurar um posto com internet. Descobri um e aqui estou eu a escrever-vos!

A partir daqui só tenho este meio de vos fazer chegar notícias.
Hoje e amanhã ainda estaremos em Leh.
Mais logo ou amanhã dar-vos-ei conta do que vamos fazer. Daqui a uma hora, 13h30 locais, deverei estar no Hotel para almoçarmos.

Depois, voltaremos a descansar mais um pouco e à tarde faremos um pequeno passeio que nos levará a subir e a ficar num sítio com magníficas vistas para Leh e com um entardecer de sonho.

O post já vai longo e ainda não vos falei da guia, a nossa amiga holandesa, Wendy.
Ela é muito bonita (isso já vocês sabiam!!) e desloca-se com à vontade nos Himalaias.
Percebo que é atenta e procura que todos estejam confortáveis.
Conta-me que já espreitou o blog e que gostou do que viu e leu.
Procura mater toda a gente calma e vejo-a atenta a todos. Temos Guia!

Agora vou descer devagarinho para o Hotel... A sorrir.
Abraço-vos desde a Terra dos Sonhos.

Até logo, ou até amanhã.

Jorge

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Visto de New Delhi

Amigos!

Escrevo-vos de New Delhi, do Hotel Ashok.

O Airbus A 340-600 trouxe-nos nas suas asas.
Foi um excelente voo. Com a pontualidade alemã, às 07h00 locais, estávamos nós a aterrar no aeroporto de New Dehli... enquanto vocês aí em Portugal dormiam o sono dos anjos... Pois aí eram ainda 01h30 da manhã.

No aeroporto, já se encontrava um funcionário do hotel à nossa espera que, depois de se certificar da bagagem que traziamos, mandou vir um minibus para nos transportar ao Hotel Ashok. E é um Hotel 5 estrelas lindíssimo.
O acesso é muito rigoroso e apertado com vários postos de controlo, mas quem vem dos aeroportos já não estranha. É mais do mesmo.

Quanto aos meus companheiros de viagem que vieram de Espanha só sei o nome da Susana, do Rafael e da Beatriz.
A Susana e o Rafael são um casal interessante, trabalhando ele na Airbus.
A Beatriz é uma senhora muito viva e interessante. Vive em Madrid, mas nasceu no Equador.
Falámos das Montanhas do Equador e do Ivan Valejo, alpinista equatoriano, amigo de João Garcia e que também ascendeu as 14 montanhas de  + de 8000 m sem recorrer a O2 artificial.

Beatriz fez o trabalho de casa e tem já uma planta de New Delhi, com o Hotel e os pontos mais interessantes da cidade muito bem assinalados.
E já sabe tudo sobre a melhor maneira de ir a Agra, para a visita ao Taj Mahal.

Optamos por não dormir seguindo o conselho do nosso amigo Ricardo para, desse modo, acertar o relógio biológico, sem os inconvenientes do jetlag.

De banho já tomado e de calções, estou prestes a encontrar-me de novo com o grupo, para almoçarmos e visitarmos a cidade.
O ambiente é muito bom e descontraído.
A malta que gosta das montanhas tem assim uma forma muito própria de ser e sentimo-nos rapidamente em familia.

Vou ter com eles. A sorrir.
Deixo-vos o meu abraço e mais logo já vos falarei de Delhi e das suas gentes.

Jorge

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Notícias de Munique...

Olá!!

O Jorge já chegou a Munique.
E está quase a partir, rumo a Nova Dehli, onde deverá chegar por volta da 1h30 da manhã (hora portuguesa), o que corresponderá às 07h00 na Índia!! Esperemos que o jet-lag não se faça sentir...
Tockadormir no voo...

Recebi entretanto um sms dele, que passo aqui a reproduzir:

"Olá!!
O grupo é muito giro. Somos 7, mais a guia que está em Dehli.
Contam-se histórias de montanhas.
O mundo desta gente é as montanhas.
Não é preciso casa, nem malas... As mochilas chegam!
Gente muito gira... E que sorri!!!
Um abraço, também a sorrir...
Jorge"

Vai um bocadillo de jamon??


Vai um bocadillo de jamon y camembert? E um suminho de laranja, pra desembuchar?
Tockacomer, que tenho um avião para apanhar!!!

Já está em España!! Olé!!

O nosso amigo Jorge já chegou a España!! Olé!!
Depois de andar em busca da malta da agência de viagens, lá se apercebeu que afinal estavam à espera deles... Hehehe!!!

Já estão no check-in, preparando-se para a próxima etapa da viagem:

Apanhar o avião, rumo à Alemanha.
E 2h30 depois devem chegar a Munique, cidade da alemã, famosa pelo OktoberFest!!!




Mas como ainda faltam 2 mesitos até Outubro, eles vão ficar-se mesmo pelo aeroporto, a celebrar a viagem...

Portanto, nessa altura, farei uma nova actualização.

Até lá, tockandar!!!


Já está a embarcar!!!

Olá Amigos...

O Jorge finalmente embarcou!!

Digo finalmente, porque apesar de ele ter chegado cedo, como houve uma alteração na porta de embarque, que ele não se apercebeu, já estava tudo no avião à espera dele!!!
Mas a coisa já está resolvida... E o Jorge já está a bordo.

Junto com ele, vai a outra portuguesa desta expedição, a Cristina Santos.

Boa viagem para os dois...

Daqui a umas horitas já saberemos mais novidades...

Até, lá... Tockandar!!

Dia de partir...

Amigos,

Venho deixar-vos umas palavras antes de partir.

À hora que vos escrevo estareis nos braços de Orfeu, a sonhar.
Eu antecipei-me ao despertador. Deixei a cama e vim até aqui a este nosso cantinho... Um espaço que existe e com uma dimensão profundamente humana.

E tudo começou de um sonho bonito - a conquista de uma montanha nos Himalaias com mais de 6000 m - e juntou à sua volta mais de 480 visitantes de diversas terras do mundo.
Uma parte destas visitas sei que são familiares, amigos antigos, companheiros de caminhadas e de expedições, conhecidos de outras ocasiões, mas confesso que a maior parte eu não conhecia e só por aqui passei/passarei a conhecer.

E todos sabemos da atracção pelo desconhecido.
Se é verdade que em ambiente conhecido e acolhedor estamos mais à vontade, também é verdade que o novo e o que ainda se não conhece tem um peso grande na forma como nos movemos no mundo.
E, assim, vos escrevo com Todos no pensamento.

É um escrever que não é mais para uns, do que para outros...
É para Todos vós que se habituaram a ficar à espera das palavras que eu escrevo...

Os meus dedos vão tocando as teclas do computador, ao som de Vasco Martins. É bom escrever assim.
Sempre disse às minhas filhas que era muito bom ter um bom livro e uma boa música por companhia.
Quem tem um bom livro e uma boa música, em fundo, nunca está só, nunca se sente só.

A música é assim o nosso acompanhante interior, que sempre nos acompanha.
É como o baixo contínuo da música barroca que se mantém sempre em fundo.
A música acompanha-nos desde o tempo em que estamos na barriga da mãe, com a batida do seu coração, sempre em fundo, a marcar a vida. E a forma como ela reage aos sons do mundo é transmitida em tons tranquilos, ou agitados, em função de serem sons tranquilizantes ou não para a mãe, batendo o seu coração em doces adágios, ou em batidas de sobressalto.

A mãe filtra-nos assim o mundo desconhecido. E depois, quando nascemos, à volta do berço, os que festejam a nossa chegada introduzem-nos o cantar a várias vozes.
Por vezes chego a pensar que é nesse tempo que assistimos às primeiras óperas, quando os diversos personagens à volta do berço nos cantam as árias das suas vidas como que a querer transmitir cultura e, de algum modo, a desejarem dizer «Tens um futuro nesta família, tens um futuro no mundo.» É importante sabermos que temos futuro no meio de quem gosta de nós. 

Partilho convosco esta música de coração que bate firme, e ao mesmo tempo, com aquela doçura dos momentos felizes e transcendentes. Será esta música que me irá acompanhar.



Daqui a pouco irei tomar um bom banho e preparar-me para iniciar a viagem.
Deixei-vos estas reflexões à volta da música e das vozes cantadas que existem dentro de nós. São os nossos objectos internos.
Existem na memória do corpo (e da alma) e são consultores da nossa intuição.
Ajudam-nos a ler o mundo e a fazer a escolha dos caminhos.

E podemos assim fazer a escolha dos caminhos simplesmente, a sorrir. De dentro. Bem de dentro.
E a transcendência do mundo assim escolhido leva-nos a procurar a beleza das montanhas.
As montanhas, que são assim como que catedrais, vestidas de branco, onde os homens manifestam toda a sua transcendência e onde, humildemente,  vão procurar o Cálice das suas vidas.
E a montanha, guardiã dos cálices da Vida, entregará aos que ousarem sonhar e sorrir, e aos que forem firmes no propósito de chegar, o cálice da sabedoria de nós mesmos.

E é essa a minha procura... Procuro esse Cálice.
Não só para mim, mas para o partilhar com todos aqueles que fazem da Vida um hino ao Amor.
Um hino de Amor ao Outro.
E que assim fazem o Outro sorrir.
E que assim seja.

Que em cada um de nós se solte um sorriso de dentro, com a força e firmeza das coisas simples, e que sempre sabemos que estão certas. Só assim será poema, só assim terá razão, só assim valerá a pena esta nossa Expedição.

Olho-vos, assim, antes da partida, com o sorriso que aprendi a olhar e a amar os outros.
E é esse sorriso que quero ver agora no vosso rosto, ao som da musicalidade das minhas palavras.
E não esqueçam, cada sorriso tem que ser Único.
Tem que ter a nossa melhor assinatura, feita com o melhor de nós.
E somos pessoas boas quando amamos.

E a sorrir me despeço de vós e vos deixo este pequeno saber, que aprendi do Cálice:
"Só podemos Crescer com os Outros.
Só se pode Crescer para os Outros.
Não se pode Crescer contra ninguém.
Só se cresce com Alguém e para Alguém "

Abraço-vos com o meu sorriso e com esta música que agora brota de dentro de Todos Nós. Para Sempre!

Jorge

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Véspera de partir...

Amigos,

Estamos na véspera da partida. 
O dia amanheceu tranquilo. A manhã foi aproveitada para deixar as coisas tratadas por cá. 

Houve tempo para passar pelo notário para autenticar uma declaração de saída do país da minha filha do meio que, depois de um 20 a Inglês no exame de acesso feito antecipadamente, parte também amanhã com destino a Roma. 

Um 20 num exame deve ter um sabor muito especial. A nota mais alta que tive foi um 19 e deixou-me muito feliz. 
Ficamos com a sensação de que o nosso esforço foi recompensado e que temos na mão a chave do sucesso. 
É como se tivessemos o Mundo preso por um cordel, a balançar, na ponta do nosso dedo...

No fundo, ficamos com esta sensação fantástica de sermos seres capazes e isso é, de facto, muito importante na história de cada um de nós.
Na Montanha também é importante fazer cume e voltar. 
Mas um 20 num exame final é mesmo o Cume do Everest atingido sem O2 artificial!!

A tarde de hoje reservei-a para vos falar para vos falar, assim meio a sós. 
Este blog, e a forma como foi acarinhado por todos vós, acabou por criar em mim uma necessidade de vos falar, de vos dar conta de como as coisas estão a correr. 
É como se eu passasse a ter uma (ex)istência no mundo virtual e que desse modo (ex)istisse dentro de vós. 
E quando estou assim mais tempo sem escrever, fico com esta preocupação de não vos estar a dar a atenção que merecem e que sinto que me dispensam sempre. 

Fiquei a saber que tenho mais de 360 visitantes de Portugal e leitores vários no Luxemburgo, na Bélgica, em Espanha, nos EUA, na Alemanha, no Reino Unido, no Brasil, na França, na Finlândia, na Índia e nas Ilhas Maurícias. 
E eu nem sequer me lembro de ter mais de 150 amigos/conhecidos em Portugal, quanto mais saber de todos estes outros, que por esse mundo fora me seguem. 

Agradeço-vos o interesse e digo-vos que continuarei a escrever e a pensar em vós. 
Já não sou só eu e os meus mais íntimos que subimos. 
Tu também sobes comigo!

No fundo escrever-vos é estar convosco. É partilhar a emoção de uma expedição, de uma viagem de aventura e da subida a um Cume de + de 6000m. É assim... como um salto, ou um desafio sem rede. Estamos quase em directo e sem a possibilidade de qualquer tipo de montagem que pudesse remediar o que estivesse menos bem. 

Estamos em directo e assim estaremos ao longo destes 21 dias.
Falar-vos-ei do meu dia a dia, do meu encontro com os outros elementos da expedição, do meu encontro com os guias e com as gentes de Ladak e das Montanhas de Kangri, em discurso directo, em que partilharei as emoções de todos estes encontros. 

Vou para o Tibete Indiano de cabeça aberta. 
Como dizia Albert Einstein, "A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original."  E é com esse espírito que parto a caminho do Oriente. 

E este espírito nem sequer é inédito. De acordo com o que nos conta Joaquim Magalhães de Castro, autor do livro , «Viagem ao Tecto do Mundo» (Edições Presença), que  dá conta das suas viagens pelo Tibete «profundo» e menos conhecido, e que procurou seguir os passos dos jesuítas portugueses - pioneiros europeus nos Himalaias - António de Andrade, Manuel Marques, Francisco de Azevedo, João Cabral e Estêvão Cacela, na época dos Descobrimentos,  apresentando-os como os primeiros tibetólogos (aprenderam as línguas locais), antropólogos, etnólogos, geólogos, botânicos e geógrafos desta região também conhecida pelo Tecto do Mundo.  

E agora estamos todos no mesmo barco. A partir de amanhã rumaremos ao Stok Kangri. A voar. Cheios de sonhos e com vontade de os cumprir (quase) em directo. Com vontade de trilhar caminhos de Futuro.  E a sorrir.

Abraço-vos em todas as línguas do mundo.

Jorge

domingo, 1 de agosto de 2010

Sábado- Dia de Caminhar

Amigos,

Ontem, sábado, foi dia de caminhar.

Antes de ir para a Praia de São Lourenço - ponto de encontro da Caminhada dos Amigos do Trilho - fui ainda dar um beijinho à minha filha mais nova, que partia para um acampamento com o agrupamento de escuteiros.

Lá ia ela toda compenetrada, com a sua mochila às costas, cheia de sonhos. Fico a olhá-la no meio de tantos outros e sorrio.
É bom ver os jovens a abraçarem as actividades de ar livre, sem necessidade de levarem o seu mundo virtual atrás. As sms deixam de ter importância e o que importa mesmo são os outros, os companheiros de aventura.

Custa-me sempre um bocadinho ver os escuteiros assim um bocado mal equipados, utilizando para estas actividades mochilas enormes, carregadíssimas, com os pesos mal distribuídos e, quase sempre, com a coluna a suportar todo o peso da mochila. Estas questões deveriam ser abordadas nos grupos, antes das actividades, fornecendo os guias as dicas necessárias à questão das mochilas e dos equipamentos a levar. 

Fico com a sensação de que os escuteiros ficaram parados no tempo e não evoluíram, continuando a adoptar soluções que há muito foram abandonadas. Face ao excesso de peso e para que ela não fosse ainda mais sobrecarregada, levou um saco de penas Cumulus Quantum 350, de 665g, com temperatura de conforto de -6º C, com reduzidas dimensões de transporte (12x12x27 cm) e uma esteira de 170g, material que normalmente uso nas minhas actividades em autonomia, o que fez com a mochila ficasse menos cheia e ao mesmo tempo com menos peso.

E, como dizia, ontem foi dia de rumar a S.Lourenço.  
Os Amigos do Trilho foram chegando para mais uma aventura...
É sempre bom ver a forma como os amigos manifestam a sua alegria pelo reencontro e por uma nova caminhada.

Felicitámos os nossos companheiros regressados duma Expedição ao Ararat - é assim como se o grupo também tivesse ido com eles.  

E tivemos a surpresa de ver o leader e Guia do grupo, Rui Avelar Santos, regressar aos trilhos depois de uma delicada intervenção ao joelho, participando já na parte inicial da caminhada e realizando 10km, de acordo com o plano de recuperação traçado.
Foi bom ver a sua alegria por poder voltar a caminhar.

Tenho o privilégio de ser um dos Guias deste grupo e é sempre com grande entusiasmo que nos fazemos ao caminho.
Normalmente, faço a ligação do grupo entre o Guia que abre e o Guia que fecha, acompanhando a caminhada nos pontos de passagem, ou progressão mais difícil, e fazendo a avaliação do nosso estado nos diversos momentos destas caminhadas, de 6 ou 7 horas, e em que é importante saber como é que nos estamos a aguentar.

Noto que este grupo é constituído por pessoas habituadas a caminhar e que já se conhecem em esforço, reconhecendo os seus limites, o que facilita a tarefa dos Guias.

Este ano já levamos + de 700 km de caminhadas de graus de dificuldade elevado ou desportivo, com grandes desníveis a vencer. Estas caminhadas - que variam  entre os 20 e os 40km - servem-me também de preparação para as Expedições, em conjunto com natação 3 d/semana e com 2d/semana de ginásio.

E os mais de 20km foram vencidos num dia em que o tempo se manteve quente e encoberto, terminando a caminhada na bonita Praia de S.Lourenço, onde houve tempo para apreciar o mar.

Os Amigos do Trilho são a minha "família" de caminhadas.

O GDAMO do CAAL o meu grupo de pertença em termos de actividades de Montanha. Uma parte do que sou devo-o a eles.






Outra parte à Explorer de Badajoz, onde fiz a minha formação em alpinismo e actividades várias em montanha, guiadas pelo Guia UIAGM, Manuel Marcarro Pérez, com quem muito aprendi.

O tempo da partida aproxima-se e fico com a sensação de que ainda me falta tratar de tanta coisa.

Por isso, fico por aqui e vou tratar de adaptar os crampons às botas e começar a colocar as coisas no saco de expedição, que a Sanga enviou a todos os membros do grupo. É um saco simpático, impermeável, que deve ter capacidade de mais de 100 L, onde os bastões cabem sem qualquer dificuldade, o que me deixa tranquilo.

E por hoje é tudo.
Abraço-vos a sorrir.

Jorge