Olá Amigos.
Recebi há pouco um email da jornalista Marta Clemente, da Agência Lusa, que autorizou a divulgar neste blog uma notícia desta agência, que irá ser publicada em vários jornais, revistas, sites, rádios e televisões, seus clientes.
Aqui fica a notícia:
Lisboa, 12 ago (Lusa) - Um mar de lama, casas soterradas e filas de quilómetros de pessoas a fugir calmamente da zona de catástrofe foi o cenário que Jorge Ribeiro encontrou em Leh, Ladakh, norte da Índia, cidade fustigada pelas inundações, que já mataram 183 pessoas.
Com o objetivo de fazer montanhismo, Jorge Ribeiro e uma colega portuguesa chegaram à capital de Ladakh a 04 de agosto.
“Fomos subir a um mosteiro tibetano e quando chegámos lá acima reparámos que de norte estava um céu com as nuvens muito carregadas. Fizemos a leitura do cenário: a chuva viria aí e viria rápido. Os guias mais experientes tinham a mesma opinião e resolvemos descer rapidamente”, contou o português à Lusa.
Depois de um dia inteiro a chover, a noite “foi terrível, iluminada com chuva e relâmpagos, sem luz e sem telefone”.
“Os locais estavam em pânico. Mesmo os mais velhos nunca tinham visto um temporal assim”, relatou.
No dia seguinte, quando foi à zona mais atingida, o português viu “um mar de lama, as casas soterradas e destruídas”.
“As casas não estão preparadas. São feitas de pedra sob pedra e não têm cimento. Qualquer chuva leva aquilo e é evidente que não chove em Leh há muitos anos e não chove em Leh daquela maneira há muitíssimos anos”, afirmou.
Jorge Ribeiro atribui a catástrofe em Leh às alterações climáticas. “A zona é fria. Com o aquecimento global e com estas modificação climática, há uma temperatura excessiva em Leh que faz com que a chuva não caia sob a forma de neve, mas sob a forma de água”, afirmou.
Na noite seguinte, o cenário repetiu-se mas atingiu a zona onde os militares montaram tendas de campanha para abrigar os desalojados.
“Veio a enxurrada outra vez e terá levado milhares de pessoas por aí abaixo. As árvores foram arrastadas pelo mar de lama”, afirmou.
Jorge Ribeiro disse ainda que o cenário na cidade era de “quilómetros e quilómetros de gente a fugir calmamente da zona de catástrofe e a procurar abrigo na montanha”.
“A enxurrada cortou as vias de comunicação, as pontes foram destruídas, as estradas invadidas por lama e nós tentámos subir à montanha, mas não havia caminho. Isso significava que as expedições que estavam na montanha, cerca de 18, não conseguiam voltar para trás”, acrescentou.
Jorge Ribeiro e a sua colega conseguiram sair de Leh na madrugada de segunda feira, quando o aeroporto reabriu.
“Fomos dos primeiros a sair”, disse o português, sublinhando a ajuda do seu guia de viagem, “uma pessoa muito influente na sociedade de Leh”.
Para trás deixaram, no hospital de Leh, os antibióticos e analgésicos que levaram na viagem para ajudar as vítimas da tempestade.
Jorge Ribeiro destacou ainda o trabalho de entreajuda de locais e estrangeiros e a solidariedade dos indianos para com os turistas, apesar da catástrofe.
“O povo só chora quando confrontado com morte de parente. Passado um bocado já está a tirar pedras para resgatar outro cadáver e a ajudar estrangeiros. Quando as comunicações foram reatadas davam-nos o telemóvel para fazermos chamadas”, destacou.
Pelo menos 183 pessoas morreram e centenas ficaram feridas devido às inundações causadas pelas fortes chuvas na cidade de Leh.
O Ladakh é uma região montanhosa de maioria budista situada no sudeste da Caxemira indiana, de maioria muçulmana, que atrai muitos turistas, em particular no mês de agosto, o pico da estação turística na região.
MCL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico **
Lusa/fim»
Sem comentários:
Enviar um comentário