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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Escolha de 3ª camada (outer/hardshell)

E já estamos  escolhendo o material que vou levar  para o cume.

No ataque ao cume do Stok Kangri, dos 5.100m para os 6.137m,  devo apanhar temperaturas negativas da ordem dos -5/-10º C e um vento provável na ordem dos 20-30 km/h , o que dará uma sensação de frio (wind chill factor)  de -13/-19º C.

Neste cenário, e com neve e gelo, é necessário que a 3ª camada que vamos utilizar seja capaz de nos isolar do meio exterior muito frio, não deixando entrar o vento ou a chuva/neve, possibilitando, contudo, que a transpiração (o vapor de água) possa sair.

As grandes opções que se fazem nesta área das chamadas 3ª.s camadas andam, normalmente, à volta do Gore Tex Pro Shell ou do Event 3 layers, membranas estas que respiram muito bem e, ao mesmo tempo, nos protegem dos elementos ventos fortes e chuva/neve.

Existem adeptos de uma ou de outra membrana, sendo certo que, para mim, o que é importante é saber que o nosso organismo tem respostas fisiológicas que diferem de indivíduo para indivíduo, e a membrana boa para um pode não ser a membrana ideal para o outro.

Da minha experiência com estas duas diferentes membranas, guardo a ideia de que o Event respira melhor, mas ao mesmo tempo perdemos também mais calor. Por outro lado, o Gore Tex Pro respirará não tão bem (mas quase), mantendo uma camada de ar muito confortável entre nós e a 3ª camada.

Como esta expedição é uma entre duas,  ou seja, ela vai servir de preparação para o Aconcágua, onde irei encontrar -25/-30ºC, vou optar por uma membrana nova o Schoeller C-Change, capaz de se adaptar às condições do momento e funcionando, grosso modo, como as pinhas funcionam na natureza, ou seja, quando está calor abre o tamanho dos seus poros e, quando está mais frio, fecha-se diminuindo o seu tamanho.

Parece-nos  evidente que estas membranas (inteligentes) assim  desenhadas e capazes de se adaptar às variações do meio ambiente tornar-se-ão a melhor opção. E é, de facto, isso que os testes nos dizem.

Por isso vou optar para o tronco pelo Cloudveil Koven Plus Jacket.

Para as pernas (e para não andar por ali, só em leggings!!), vou optar pelas calças Cloudveil Koven Plus Bib.








Para as mãos, como 3ª camada, optei por umas luvas impermeáveis, com aquecimento, as Rab Ice Gauntlet, por juntarem no dorso da mão Primaloft -uma membrana que aquece- e Pittards Armortan, na zona da palma da mão, material extremamente isolante e protector desta zona tantas vezes mobilizada durante a ascenção.

E para a cabeça opto por um chapéu da RAB, impermeável, corta vento e respirável, com o interior revestido com polartec 200, com orelhas( dão muito jeito), o RAB eVENT Mountain Cap.

É de notar que pela cabeça perdemos mais de 50 % do nosso calor em condições adversas, por isso, e tendo em conta o modo de funcionamento do nosso corpo em condições extremas, é fundamental manter a cabeça quente e disponível para pensar.

Por vezes digo mesmo que quem tem a cabeça e o coração quentes pode estar seguro que as mãos e os pés não congelarão mesmo que as botas e as luvas sejam de má qualidade. Porque excelentes botas e excelentes luvas não evitarão a congelação se a cabeça e a zona do peito estiverem expostos aos elementos.

Mente Sã em Corpo São só é possível com a cabeça e o coração  confortavelmente aquecidos e protegidos.

Assim, como diz o Sérgio Godinho na sua canção Descansa a cabeça
(...) «Descansa a cabeça,  Vai dizer ao fim do mundo.... descansa a cabeça......
Sei histórias verdadeiras.....sei resistir ao calor, aos temporais» (...) 

A cabeça pode ir descansada e voar mais alto.

Abraço para vós e o meu sorriso ao som do Sérgio.

Jorge

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