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sábado, 7 de agosto de 2010

Drama em Leh

Amigos,

O dia de ontem foi um dia triste.
 
A noite de 5 para 6 de Agosto trouxe-nos uma trovoada e uma chuva intensas.
A noite avançou assim com um temporal incrível. No Hotel estávamos seguros e não poderíamos imaginar tudo o que se passava em Leh.
 
A manhã acordou com um rosto de profundo pesar dos locais. O chefe da recepção comentava que nem no tempo dos avós tinha havido um tempo assim...
A água levara ruas inteiras... As notícias de mortos alastravam, os rostos eram de pesar.
Fomos ver o que se passava e onde se passavam os dramáticos acontecimentos.
As ruas de Leh, que antes existiam, transformaram-se em rios de lama.
As escavadoras, os militares, os monges, os locais... Todos ajudavam a resgatar corpos.
Os militares aqui não impediam a entrada de pessoas, incentivavam-nas a ajudar.

Leh com cerca de 60000 habitantes tinha perdido uma centena dos seus habitantes.
Mas depressa os números cresciam! Ao fim do dia o número rondava os 1000 mortos em Dehli, mais 6000 nas aldeias à volta de Leh.
 
O nosso guia apareceu cheio de ferimentos porque tinha conseguido salvar a sua filha retirando-a a tempo do carro. O carro, esse, foi-se.
O resto da família estava também a salvo. Trataram-se os ferimentos e o dia continuou num clima de pesar.
 
Kike e Wendy vieram pedir-nos um numero de contacto para informarem os nossos familiares de que tudo estava bem connosco. Escolhi o nome da Sandra, minha amiga que gere este blog para, através dela, os meus familiares e amigos saberem o que comigo se passava.
Sem contactos, sem telemóveis, sem se saber de como as notícias tinham chegado à Europa e a Portugal, ficamos um bocadinho apreensivos.
Hoje já voltou a internet e já estou aqui convosco, depois de 90 minutos numa longa fila.
Neste momento o aeroporto está aberto a voos civis mas os aviões ainda não conseguem aterrar.
Ontem o dia foi só para voos militares.
 
Gente da embaixada de Espanha veio pedir os nomes dos espanhóis que estavam sãos e salvos. E dos outros países também.
De Portugal não se houvia falar... Por isso, eu e a Cristina resolvemos dar os nosses nomes aos amigos espanhóis sempre solidários com os seus.
Esta noite foi também de temporal e as pessoas fugiram para sítios seguros.
Como o tempo virou para Este, as casas que ficavam a Este de Leh foram as mais atingidas. Não sabemos quantas vítimas.

Temos um gabinete de crise instalado e decidimos que a montanha se torna assim inacessível. Os caminhos também.
Esperamos que o aeroporto abra e que os aviões consigam aterrar para conseguir deixar Leh.
Wendy está no aeroporto a ver se consegue alterar os voos.
Kike foi ver os caminhos possíveis de saída de Leh.
Esperamos notícias deles.
Estamos unidos e fortes e solidários com este magnífico povo.
Entregámos medicamentos no hospital e estamos prontos a ajudar.
Deixo-vos o meu forte abraço.
Até mais logo com mais noticias (espero que melhores noticias).

Jorge

PS - Este email foi enviado pelo Jorge hoje, dia 07-Agosto, pelas 07h40 (hora de Portugal).
Contudo só me foi possível editá-lo às 20h37.
Peço desculpa pelo atraso, mas não me foi possível aceder à net antes disso.
Sandra

2 comentários:

  1. Allo Jorge folgo saber que estás bem, pois tem chovido muito no Norte da India e no Paquistão.
    Eu vou sábado dia 14 para Delhi pode ser que nos cruzemos, mas pelo que conheço do Ladakh, por estrada está tudo cortado pelo que só deve haver ligação aerea e deve demorar alguns dias a ser possivel voar a partir de Leh.
    Abraço
    Carlos Garcia

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  2. Estou solidária com vocês.
    Já estive em Leh e tudo isso me deixa profundamente triste.
    Um abraço de Luz
    Teresa Lamas Serra
    Porto

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